FITA Magazine
Canção de Rolando
Artigo por Francisco Teles da Gama
Canção de Rolando, E-Primatur, Maio de 2024. [Fotografia: FITA]
Em Maio chegou às livrarias, pela mão da E-Primatur, uma obra imprescindível da literatura medieval, apesar de ainda se desconhecer a sua verdadeira autoria, restando-nos apenas a referência inconclusiva de Tourboude.
A Canção de Rolando conheceu a sua primeira versão no século XI, cujo o manuscrito se encontra na Universidade de Oxford, escrito em francês antigo. Este épico já conta com nove versões diferentes.
A história do famoso cavaleiro Rolando, sobrinho do rei Carlos Magno, serviu na Idade Média como forma de promover a importância da cruzada frente ao Islão e os valores da coragem e do Cristianismo. Desta forma, o que lemos neste poema são as venturas e desventuras da cavalaria francesa na Batalha de Roncesvalles, disputada no ano de 778 nas terras da região que hoje designamos por Navarra.
Canção de Rolando
Artigo por Francisco Teles da Gama
Canção de Rolando, E-Primatur, Maio de 2024. [Fotografia: FITA]
Em Maio chegou às livrarias, pela mão da E-Primatur, uma obra imprescindível da literatura medieval, apesar de ainda se desconhecer a sua verdadeira autoria, restando-nos apenas a referência inconclusiva de Tourboude.
A Canção de Rolando conheceu a sua primeira versão no século XI, cujo o manuscrito se encontra na Universidade de Oxford, escrito em francês antigo. Este épico já conta com nove versões diferentes.
A história do famoso cavaleiro Rolando, sobrinho do rei Carlos Magno, serviu na Idade Média como forma de promover a importância da cruzada frente ao Islão e os valores da coragem e do Cristianismo. Desta forma, o que lemos neste poema são as venturas e desventuras da cavalaria francesa na Batalha de Roncesvalles, disputada no ano de 778 nas terras da região que hoje designamos por Navarra.
O que é historicamente correto aqui não encontra eco. Durante toda a gesta assistimos a um desfile de incongruências, cujos jograis não tinham em conta quando declamavam estes versos. O que se inscreve nas páginas agora publicadas põe-nos a par do confronto entre o rei muçulmano de Saragoça Marsile e os doze pares do rei Carlos Magno, liderados por Rolando. Os números dos exércitos ascendem às dezenas ou às centenas de milhares. Criam a ideia de que o monarca franco já alcançou uma proveta idade, com as referências à sua barba “encanecida” ou aos anos incontáveis que já viveu o “imperador”.
Hoje reconhecemos que este relato não podia ser mais anacrónico, mas de extrema influencia na literatura europeia, que no século XIX voltou a banhar-se nas cantigas medievais. Como sabemos, Carlos Magno contava apenas trinta e seis anos de idade quando se deu a batalha em questão e apenas foi coroado imperador vinte e dois anos depois, em 800. Para além deste facto, convém lembrar a obra do rei Afonso X de Leão e Castela, Cronica General de España, escrita em meados do século XIII, que nos relata a visão do exército cristão do rei Afonso II das Asturias que combate a invasor francês, onde o grande herói é Bernardo del Carpio, filho do conde de Saldaña e autor da morte de Rolando. Podemos admirar a efígie deste cavaleiro na Plaza Mayor de Salamanca.
O que sabemos na realidade é que o confronto não foi tão glorioso como fazem crer estes testemunhos. A batalha colocou em rivalidade um pequeno exército de bascos e os franceses que regressavam ao seu reino. A vitória recaiu sobre os bascos, que lhes prepararam uma emboscada.
Canção de Rolando, E-Primatur, Maio de 2024. [Fotografia: FITA]
Hoje reconhecemos que este relato não podia ser mais anacrónico, mas de extrema influencia na literatura europeia, que no século XIX voltou a banhar-se nas cantigas medievais. Como sabemos, Carlos Magno contava apenas trinta e seis anos de idade quando se deu a batalha em questão e apenas foi coroado imperador vinte e dois anos depois, em 800. Para além deste facto, convém lembrar a obra do rei Afonso X de Leão e Castela, Cronica General de España, escrita em meados do século XIII, que nos relata a visão do exército cristão do rei Afonso II das Asturias que combate a invasor francês, onde o grande herói é Bernardo del Carpio, filho do conde de Saldaña e autor da morte de Rolando. Podemos admirar a efígie deste cavaleiro na Plaza Mayor de Salamanca.
O que sabemos na realidade é que o confronto não foi tão glorioso como fazem crer estes testemunhos. A batalha colocou em rivalidade um pequeno exército de bascos e os franceses que regressavam ao seu reino. A vitória recaiu sobre os bascos, que lhes prepararam uma emboscada.
Canção de Rolando, E-Primatur, Maio de 2024. [Fotografia: FITA]